Um caminho Obscuro (a minha primeira história)


Tudo começou quando eu tinha 18 anos, eu era uma adolescente que queria realizar o seu sonho de ser modelo tal como muitas raparigas daquela idade, podemos dizer que eu era uma rapariga muito simples, mas honesta, bonita e elegante. Eu recebia cartas e cartas de workshops mas nunca pude ir a nenhum, ou porque eram longe, ou porque os meus pais não deixavam, achavam que eu era demasiado nova para estes trabalhos, mas afinal eu tinha 18 anos, não tinha nem 10, nem 15 anos.

 Os meus pais nunca me deixavam seguir os meus sonhos, por mais que eu quisesse, eu até podia dizer que me empenhava mais no meu trabalho (eu estava a tirar o curso de medicina veterinária, e, sim, esse sonho os meus pais deixaram-me seguir), mas nem assim eles me deram essa autorização. Foram completamente injustos comigo, eu só queria ter o prazer de saber como era o mundo da fama.
Eu estava revoltada nesse dia e cometi imensas loucuras que para mim foram aventuras, na verdade, sai de casa para seguir o meu sonho. Passou o primeiro dia, não houve um único telefonema, uma única mensagem a perguntar o que se passava, se estava bem ou mal, eles simplesmente não quiseram saber de mim. Segundo dia e nada.
 Passou uma semana, e só ai é que começaram a preocupar-se, eu nunca tinha estado tanto tempo fora, e, decerto começaram a estranhar eu ainda não ter aparecido. Ligaram mas eu não atendi, pensei para mim que, se eles estivessem mesmo preocupados, me iriam ligar logo no primeiro dia, mas pelos vistos eu não era assim tão importante para eles, como imaginava. Se calhar para eles eu era apenas uma filha que não tinha objetivos futuros, que não me importava com nada. Para mim o mundo da moda e da fama é que seria o meu futuro.
Para os meus pais só existia um filho perfeito, o Sr. Dr. Sancho Duarte. É o meu irmão mais velho. Ele sim podemos dizer que é perfeito não pode errar em nada se não ele fica logo chateado com ele próprio, tem uma vida completamente de luxo, ainda não sei como é que ele conseguiu ter a vida que tem, um rapaz que parte de uma família rica consegue orientar-se bem numa vida futura, mas eu que sou da mesma família não tenho a vida que ele tem.
Mas, o tempo foi passando, eram vários os telefonemas dos meus colegas, amigos mais chegados, do meu irmão e dos meus pais, mas eu não atendi nenhum. Eu estava a precisar do meu espaço, de viver a minha vida à minha maneira, até que reparei pelos jornais e pela televisão que eles afinal estavam mesmo preocupados comigo. Eram fotografias minhas por todo lado e, claro, eu não queria ser encontrada, até que sem querer fui parar a uma casa cujo seu nome era “Modelos L.A “. 
Eu pensei que lá havia formação para modelos profissionais e entrei. Era um sítio um bocado esquisito tinha mesas, um bar, bebidas por todo o lado, raparigas vestidas com roupas estranhas. Mas as modelos são assim, mesmo vestem coisas estranhas para cada campanha que fazem. Inscrevi-me, passei nos castings e assinei o contrato. Eles prometeram que lá ninguém me iria encontrar, então não hesitei e aceitei o contrato.
Passou um dia e foi uma experiência única, mas os dias foram passando, e acabei por reparar que aquilo era tudo muito estranho. Aquele sítio era tudo menos uma formação de modelos, mas sim uma casa de alterne, fiquei chocada com o que descobri. Quis fugir, mas o homem que lá mandava era muito respeitado. Eu não podia fugir, porque vinham logo os seus seguranças atrás de mim.
Desesperada, eu já não sabia o que fazer, eu só queria sair daquele sítio e tinha de arranjar uma maneira, só que infelizmente, eu não tinha sido a única a ser enganada.
Mas, como eu tinha a minha família e os meus amigos atras de mim, era sempre mais fácil para mim fugir do que as outras pobres raparigas que foram enganadas tal como eu. Só que eu por azar tinha ficado sem bateria no telemóvel, e tinha gasto o meu dinheiro todo na viagem para o local onde seria supostamente a casa” Modelos L.A”. E que por acaso ficava bem longe da minha casa, não havia mesmo maneira nenhuma de poder fugir sem ser apanhada, pois caso isso acontecesse eu corria o risco de ser agredida pelos seguranças.
Mas mesmo sabendo que isto tudo poderia acontecer, eu arrisquei e fugi. Andei a esconder-me em casas antigas, em bairros sociais, e em sítios que nunca imaginei estar, até que, eles pararam de andar atras de mim, pelo menos algum tempo.
Andei dias e dias na estrada, à procura de um lugar para poder descansar, mas nada, estava tudo deserto. Eu não sabia mais o que fazer, continuei a andar pela estrada, no entanto ninguém parava, pois eu estava com um aspecto miserável, nunca ninguém iria parar por causa de uma pobre rapariga. Andei, andei, e andei, dia após dia, noite após noite, e nem uma estação existia para eu poder contactar a minha família. Eu já não aguentava mais,eu não comia e não dormia á dias e dias, estava completamente sem forças para andar ou procurar ajuda. Depois deste desespero todo passa uma senhora muito querida que pára e me pergunta se eu precisava de ajuda e eu sem hesitar disse que sim e implorei que me ajudasse. Naquele momento achei que aquilo fosse um milagre, pois não havia outra explicação, a senhora era muito simpática, fazia-me lembrar um familiar meu que tinha falecido há cerca de dois anos mais ou menos, esta senhora acolheu-me deu-me carinho, comida, e deixou-me dormir em sua casa até conseguir ganhar forças para conseguir ir ter com os meus pais.
Pobre senhora vivia numa casa já muito velha sem condições, mas era o cantinho dela e lá eu sentia-me realmente bem, nem sei explicar sentia-me em casa, não na minha, mas sim numa casa que eu tenha vivido antes. Passado alguns dias decidi fazer-me á estrada á procura de uma boleia para casa, mas aquilo era deserto, não havia nada, mesmo nada.
De repente olho para a estrada e vejo um carro que me era familiar. Era o carro que me trouxe até aquela casa horrível com uma pessoa ao lado, que não conseguia bem reconhece-la. Quando o carro se aproxima vejo que era o meu melhor amigo que vinha naquele carro com o senhor que me tinha trazido para cá. O senhor reconheceu-me quando ouviu o meu melhor amigo a perguntar a toda a gente por mim. E o senhor trouxe-o até mim, e ainda bem porque graças a eles eu sai daquele inferno.O meu melhor amigo pegou em mim e levou-me para casa. Fui o caminho todo a contar-lhe a história toda, ele ficou desiludido comigo, por eu ter fugido, mas compreendeu-me e tentou ajudar-me.
Contudo eu não queria problemas com aquelas pessoas. Cheguei a casa, abracei logo os meus pais e o meu irmão, e jurei-lhes que nunca mais repetia aquela asneira e que estava arrependida de tudo aquilo que fizera e de todos os erros que cometera.
 Contei-lhes a história toda, mais uma vez e o meu pai fez queixa daquele homem horrível que se aproveitava de todas as mulheres. A polícia demorou a arranjar provas concretas para o apanhar. Isso implicaria eu aparecer lá outra vez e ser vitima dele mais uma vez, mas claro eu estava sempre protegida pela polícia. E aí sim esse homem foi detido e todas as raparigas foram libertas do desespero daquele horrível bar.
 Mais tarde quis ajudar aquela simpática senhora que me acolheu naquela altura difícil da minha vida, arranjei-lhe uma casa com todas as condições e com todos os luxos que a pobre senhora merecia, ela agradeceu-me imenso e fez-me lhe jurar que a ia ver todos os dias, pois ela queria que toda a sua família, filhos e netos me conhecessem e me vissem como uma lutadora, porque eu mesmo com os riscos todos que corria nunca desisti de sair daquele local, e eu claro irei visitar sempre que poder aquela senhora, porque se não fosse ela eu provavelmente já não estaria aqui. Ou morria de fome e frio, ou acabava por ser apanhada pelos seguranças do bar.
Mas, eu agora vivo a cada bocadinho da minha vida a pensar naquilo que fiz e penso que muitos erros que cometi foram provocados pela minha maneira de ser, mas costuma-se dizer que é com os erros que se aprende e eu aprendi.
Agora que eu sei que o pesadelo finalmente acabou, eu posso dizer que agora eu tenho uma vida segura, estudiosa e claro tenho que trabalhar bastante para conseguir ter a vida que sempre quis, e já os meus avós me diziam que quem corre por gosto não cansa por isso eu vou esforçar-me ao máximo para conseguir o que quero no meu futuro.
E posso dizer que sim, eu sou feliz assim e nós só nos apercebemos do quanto gostamos de alguém ou o quanto somos felizes quando estamos perto de perder algo que nos é importante.
 


Carina Sousa

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Esclarecimento

Não percas Tempo!

O que é a amizade?